terça-feira, 20 de setembro de 2016

AFINAL, O QUE É O UNDERGROUND E POR QUÊ ACABOU?



ROCK É APENAS DIVERSÃO?
“Diferente do que muitos pensam o Rock não é apenas um estilo musical, mas um importante movimento social que teve seu início na década de 1950, nos Estados Unidos. Essa agitação predominantemente jovem obteve grande impacto na sociedade da época e se manifestou especialmente na música, no estilo das roupas, cinema e comportamento. O fato social de protesto e indignação trouxe muitas mudanças principalmente na mentalidade da juventude”*.
E neste universo sempre jovem, nenhuma palavra é tão pronunciada e, ao mesmo tempo, tão pouca compreendida quanto a palavra UNDERGROUND. E ao vermos ultimamente esta ser frequentemente associada a ideias conservadoras — o que, em essência, seria o mesmo que negar o que tem representado a cultura underground em sua história — isso nos leva a uma pergunta: O MOVIMENTO UNDERGROUND ACABOU?



A palavra inglesa ‘underground’ — subterrâneo, em português — é usada como forma de demonstrar certa semelhança entre o que está sob a superfície da terra e o movimento cultural de mesmo nome. E assim como o subterrâneo está distante e não mantem contato com a superfície da terra, a cultura underground quer se manter independente e não ter contato com a cultura dominante e oficial que nos é imposta pelas grandes indústrias, que controlam, por exemplo, o que devemos usar, vestir, e até mesmo, pensar e agir. Filosofia resumida na ideia Punk do “Faça você mesmo” (Do it youself).
Por se opor a uma cultura que nos é imposta, o movimento underground é incluído entre os movimentos de contracultura, uma noção cultural que engloba todos os movimentos que contrariam a cultura dominante.
Nascido na literatura, por meio de escritores que tinham como foco personagens que não se adequavam ao ideal da sociedade, os chamados anti heróis, a Cultura underground chegou à música Rock por meio de outra forma de contracultura, o Hippismo.



O Hippismo foi a forma que os jovens da década de 1960 encontraram para se opor as ideias de consumismo e valores da sociedade americana, que privilegiavam bens materiais, a felicidade econômica, a concorrência e o militarismo, se opondo principalmente à guerra entre Estados Unidos e o Vietnam. Os hippies tinham formas específicas de demonstrar sua oposição aos valores americanos. Usavam roupas com influências indianas e também oriundas dos nativos americanos, além de cabelos longos como forma de se opor ao militarismo que exigia cabelos curtos.
A mais conhecida influência do Hippismo no Rock se deu por meio do disco Sargent Pepper and Lonely Heart Club Band, dos The Beatles, em que eles levaram para sua música elementos não apenas da música indiana, como a cítara indiana, mas também a filosofia hindu.
Por seu lado, a Cultura Underground, diferentemente do Hippismo, que pregava uma ligação maior com a natureza, sempre foi uma cultura urbana.



Após o auge do Hippismo, marcado por grandes concertos de Rock — como o festival de Woodstock, em que foi declarado pela juventude toda sua oposição a guerra do Vietnam, ao militarismo, e um grito de liberdade sexual —, a juventude americana, que já vinha brigando, desde o tempo de Elvis Presley, por maior liberdade cultural e, principalmente, sexual — vale lembrar que o termo Rock’n’Roll (em português, Balançar e Rolar), era usado como gíria para sexo — em que a liberdade sexual era travada pela forte moral cristã, que privilegiava a virgindade e o casamento, por influência do Hippismo, criou sua própria identidade cultural e musical por meio de um som bem mais pesado, mantendo os cabelos longos, herdado dos hippies, e uma vestimenta que, também como os hippies, deixava claro sua rebeldia com os padrões americanos.
Portanto, podemos notar pelo que foi visto, que o movimento underground não é apenas música ou um modo diferente de se vestir, é muito mais do que isso, é um estilo de vida, dirigido por formas de agir que nos possibilite fugir dos planos das linhas controladoras das grandes indústrias de consumo e de uma moral que nos impõe seu pensamento sem que nossa vontade faça parte disso.



Porém, para alguns, como a fotógrafa Patrícia Cecatti, a Cultura Underground com seu tom de protesto, de independência e seu “‘ar de revolução’ se dissipou e movimentos como o punk e o hippie desapareceram, restando apenas, roupas, atitude e influências musicais”. Ou seja, hoje o conceito de Underground se esvaziou, tornou-se apenas um conceito musical, e que não atrai mais jovens por quererem compartilhar certa independência cultural, mas que são atraídos apenas pela música associada a ele, pelas vestimentas exóticas e por meninas que gostam de cabeludos.



Hoje, ideias que eram impensadas de serem associadas à Cultura Underground, são associadas sem a menor exigência de coerência, como a indústria da moda que encorpou sua estética e vestimentas; hoje, fala-se até de um UNDERGROUND CRISTÃO, unindo a Cultura Underground, que em sua história sempre primou por manter-se independente de culturas dominantes, com o Cristianismo, umas das formas de cultura mais dominantes que existiu na humanidade, que nos é imposta desde que nascemos, e que tornou-se a mais popular religião do mundo ao ser imposta à força a inúmeros povos.
Mas se a Cultura Underground não morreu ela agoniza devido, em grande parte, a movimentos contrário e estranhos ao Underground que se instala, aos poucos, em seu ambiente, distorcendo seus conceitos originais e convertendo seus frequentadores em tudo menos em UNDERGROUND.
* Para Saber Mais: jornal sociológico
  

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