segunda-feira, 12 de setembro de 2016

INÊS DE CASTRO, A RAINHA-CADÁVER DE PORTUGAL


INÊS DE CASTRO, A RAINHA-CADÁVER DE PORTUGAL
Um dos mais conhecidos ditados da língua portuguesa, “Agora Inês é Morta”, usado para descrever uma situação em que já não se pode mais voltar atrás, nasceu de uma história de amor verdadeira, trágica e com pitadas macabras. Convido todos a conhecer esta trágica história portuguesa.


Nossa história começa em um Portugal destruído por terríveis guerras. É meados do séc. XIV. O reino de Portugal é comandado pelo rei Dom Afonso IV.



Inês de Castro, bela dama, de cabelos loiros e olhos verdes, nascida no reino de Castela, que foi prometida, quando tinha 14 anos, a se tornar esposa do príncipe herdeiro de Portugal, Dom Pedro, é dispensada de seus serviços, e em seu lugar Dom Afonso IV elege Constança, princesa da Espanha, como futura esposa de seu filho.


Porém, D. Pedro, já casado, quando viu Inês, também casada, pela primeira vez, apaixonou-se por ela. Logo deu-se inicio a um caso de amor pecaminoso aos olhos da igreja. D. Pedro convida Inês para ser madrinha de seu primeiro filho, como uma forma de a manter por perto.
Dom Afonso ao descobrir tão obscuro romance, ordena que Inês de Castro retorne a sua terra de origem. Contudo, quando a esposa de D. Pedro falece, Inês volta a ser amante de D. Pedro.
Os anos passam, e advertido por seus conselheiros de que o reino de Portugal está em perigo devido os filhos ilegítimos que D. Pedro tivera com Inês de Castro, Dom Afonso IV ordena que Inês de Castro seja morta.



E aproveitando um dia que D. Pedro se ausentara, os executores do Rei encontram Inês e a matam, decapitando-a, em 7 de janeiro de 1355 - ela então tinha 30 anos.
Ao retornar, D. Pedro descobre que Inês fora morta por seu pai Dom Afonso IV, e então resolve se aliar aos irmãos de sua amada morta e tomar o reino de Portugal de seu pai.



Quando, finalmente, D. Pedro toma o reino de Portugal, ordena que os executores de sua amada sejam mortos, e que Inês de Castro seja rainha de Portugal. E com seu corpo em adiantado estado de putrefação, ela é coroada perante o público, com todos as formalidades exigidas, inclusive, com o tradicional beijo na mão em sua majestade, dado por toda realeza de Portugal ao seu corpo fétido.
Cumprida sua vingança, o Rei D. Pedro I transfere os restos mortais de sua amada, do modesto cemitério do Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, para o suntuoso Mosteiro de Alcobaça, onde D. Pedro I mandou construir dois espetaculares túmulos para eles.



Seus túmulos são maravilhosas obras de arte. E não estão dispostos tradicionalmente lado a lado, mas um de frente pro outro formando uma linha horizontal, dispostos de forma que fiquem pé com pé, para que no dia que eles se encontrassem para juntos subirem ao paraíso, pudessem se olhar nos olhos. Porém, os detalhes impressionantes não param por aí, o túmulo de D. Pedro I é sustentado por 6 leões, enquanto o túmulo de Inês, lembrando seus algozes, também é sustentado por 6 leões, mas com uma importante diferença: os leões tem face humana: os rostos dos seus assassinos. Ao fazer isso, D.Pedro I simbolicamente condenou os assassinos a sustentar o peso de seu impiedoso ato; e as suas famílias a lembrar, com vergonha, por várias gerações, de seus ancestrais.
E desde então, para afirmar que uma situação é irremediável, ou quase, fala-se “Agora Inês é morta”.

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