quarta-feira, 6 de março de 2019

A LOIRA DO BANHEIRO: A LENDA DE MARIA AUGUSTA DE OLIVEIRA

A LOIRA DO BANHEIRO: A LENDA DE MARIA AUGUSTA DE OLIVEIRA
Reza a lenda, que se você gritar, sozinho, três vezes: “Loira do Banheiro”, em frente ao espelho de um banheiro de escola, ela aparecerá no espelho, vestida com sua mortalha branca, com algodão no ouvido, nariz e boca.

Esta é, sem dúvida, uma das lendas urbanas mais populares de nosso país, que se tornou bastante popular em escolas, com alunos que juram que já a viram em banheiros escolares.

Na verdade, dependendo da escola, o ritual de invocação, possui algumas variantes. 

Há a que exige três chutes na porta do banheiro, ou dar três descarga em seguidas em qualquer privada, ou ainda ir para a última porta do banheiro e dar 3 descargas seguidas, e muitas outras.

Algumas variantes diz que após tal invocação ela aparecerá pedindo para tirar os algodões sujos de sangue, ou ainda aparecerá com o rosto cortado, pedindo para que tenha o sangue limpo do rosto.

Bem, como foi dito, há muitas variantes. Mas vamos ao que nos interessa: as origens da lenda.


Aos amantes de filmes de terror, tal lenda lhes parecerá familiar, e é, pois trata-se de uma cópia da lenda urbana norte americana da Maria Sangrenta (Bloody Mary), que se popularizou e chegou ao nosso país por meio de filmes de terror das décadas de 80/90. Mas, o que poucos sabem, é que a lenda da loira do banheiro se inspira na vida trágica de Maria Augusta de Oliveira Borges, que viveu nos finais do século XIX, na cidade paulista de Guaratinguetá.


Francisco de Assis de Oliveira Borges
Maria Augusta de Oliveira Borges, nascida em 1866, em uma poderosa e influente família, cujo pai, Francisco de Assis de Oliveira Borges, Visconde de Guaratinguetá, obrigou sua bela filha a casar, aos 14 anos, com um homem 21 anos mais velho, o influente Conselheiro do império, Francisco Antônio Dutra Rodrigues.

Profundamente infeliz com seu casamento, Maria Augusta, vendeu as jóias que havia ganhado, e fugiu, em 1884, aos 18 anos, para a França.

Na França, Maria Augusta se adaptou bem à sociedade francesa, participando de bailes e outras atividades sociais. Viveu por lá longe dos pais, que não a perdoaram. Até que, em 22 de abril de 1891, aos 25 anos, veio a falecer. — Infelizmente, com o sumiço dos registros de óbito do cemitério, ficamos sem saber a doença que vitimou Maria Augusta, embora haja a suspeita de ter sido raiva humana.


Amélia Augusta Cazal
A família trouxe seu corpo embalsamado de volta para a casa, para ser enterrado no cemitério de Guaratinguetá. E enquanto a família aguardava o término da construção de seu mausoléu, sua mãe, a senhora Amélia Augusta Cazal, guardou o corpo da filha em um caixão de vidro, em uma pequena sala dos inúmeros compartimentos da casa da família para visitação pública. E mesmo após o término da construção de sua última morada, sua mãe, ainda profundamente sentida pela morte da filha, manteve o corpo da filha durante meses na pequena sala sob luz de velas, relutando manter-se distante do mesmo. Com o tempo, sua mãe passou a ter sonhos com a filha, em que esta vinha para pedir que seu corpo fosse enterrado. Foi quando finalmente decidiu enterrá-la.



O tempo passou, e em 1902, a enorme casa familiar, que em seu tempo era uma fazenda, se transformou na Escola Estadual Conselheiro Rodrigo Alves  — e é aqui que sua lenda tem início.

Maria Augusta de Oliveira Borges
Logo, a mesma visão que Dona Amélia Augusta via do fantasma da filha morta passou também a ser vista por outras pessoas que frequentavam a escola. E o incêndio ocorrido em 1916, que consumiu parte da escola, ajudou a popularizar ainda mais as história do fantasma de Maria Augusta, já que passaram a ver no fato de que Maria Augusta havia morrido por doença que lhe havia provocado desidratação e, por seguinte, enorme sede, a causa do incêndio seria então uma forma encontrado pelo fantasma para obter mais água para aplacar sua sede, explicação também usada para explicar as torneiras encontradas misteriosamente abertas nos banheiros da escola.

Por alguma razão os relatos dos alunos logo se cristalizaram na imagem de uma loira de branco com mechas de algodão no nariz e nos ouvidos, dando origem a lenda da Loira do Banheiro, embora Maria Augusta tivesse cabelos ruivos.


Túmulo de Maria Augusta

Tais relatos logo foram além das fronteiras de Guaratinguetá, ganhando outras cidades, e obtendo mais força ao pegar carona com a lenda urbana americana da Maria Sangrenta, popularizada por filmes.

Hoje, funcionários e alunos da Escola Estadual Conselheiro Rodrigo Alves, ainda ouvem o piano do anfiteatro da escola tocar quando não há ninguém na sala, e juram também tê-la visto caminhando pelos longos corredores da escola; sua presença é muitas vezes acompanhada de um suave perfume, que alguns identificam com o perfume de flores com que seu corpo se manteve longamente adornado em seu esquife; outros com os perfumes franceses que ela usava.

2 comentários:

  1. \o/ Caraca!!!
    Parabéns ao Blog pq muitas pessoas nem sabem de onde surgiu à história da 'FAMOSA LOIRA DO BANHEIRO '.
    Muito Massa 👍

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