sábado, 30 de março de 2019

"PIZZA BOMBER": O MAIS BIZARRO ASSALTO A BANCO DE TODOS OS TEMPOS

"PIZZA BOMBER": O MAIS BIZARRO ASSALTO A BANCO DE TODOS OS TEMPOS
Um homem entra em um banco apoiado em uma bengala e com um estranho volume sob a roupa, preso ao pescoço; pega calmamente um pirulito, que é oferecido aos clientes pelo banco, põe na boca, e se dirige a uma pequena fila do caixa. Ao ser atendido, entrega ao caixa um bilhete que informa que ele possui uma bomba em seu pescoço, que explodirá sua cabeça e ferirá quem estiver ao seu redor, caso não obtenha 250 mil dólares. O pequeno banco de interior, não possui a quantia desejada, possui apenas 8 mil dólares em caixa, que é entregue ao homem. Ele ao sair do banco é parado pela polícia que o põe sobre a mira de revólveres. Ele diz aos policiais que a bomba é de verdade, que seu timer já foi ligado, e que ela foi posta em seu pescoço contra sua vontade, e que explodirá caso ele não recolha à tempo as instruções de como desarmá-la que estão escondidas ao longo da rodovia.



Nessa altura, repórteres começam a chegar e a transmitir ao vivo para todos os Estados Unidos, e partes do mundo, o ocorrido. A polícia não acredita no que o homem diz, o algema, e ao verificar o volume sob sua camisa, se surpreendem com o que parece ser realmente uma bomba, os policiais se afastam. O homem não para de gritar de que tem pouco tempo de vida, que seu tempo está se esgotando, e que se não encontrar as instruções de como desligar a bomba, sua cabeça explodirá em questão de minutos. Ele não é atendido, é quando os policiais ouvem o início de um “bip… bip… bip…”. O homem se agita. Volta a repetir que tem poucos minutos de vida… O homem fica agitado, nervoso, gritando sempre que tem poucos minutos de vida… É quando o “bip” cessa e a bomba explode. O homem está morto, com um profundo ferimento no peito. Sua morte é minuciosamente transmitida para todos os Estados Unidos, que fica em choque.



Não, isto não é um novo episódio de Black Mirror, ou o lançamento de um novo filme de ação de Hollywood, isto aconteceu realmente, na pequena cidade de Erie, Pennsylvania, Estados Unidos, em 28 de agosto de 2003.

O Homem com o Colar de Explosivos


Brian Wells
O homem do colar de explosivos, era o entregador de pizza, Brian Wells, de 43 anos, e a bengala em que se apoiava era na verdade uma espingarda disfarçada. O colar de explosivo possuía a forma de uma algema, que estava bem presa ao seu pescoço, e continuou assim mesmo após a explosão. Para não danificá-la ainda mais, e preservá-la para exames, os peritos preferiram decepar a cabeça de Brian Wells, a cortar seu mecanismo. Foram encontrado bilhetes com Brian Wells de onde estariam outras instruções que o levaria a encontrar as chaves que desarmaria a bomba após o roubo do banco; as instruções simulava uma espécie de caça ao tesouro.


Acima, o Colar de Explosivos e a Arma em Forma de Bengala


Antes do ocorrido, Brian Wells havia ido entregar duas pizzas em uma torre de rádio abandonada. A polícia descobriu que o pedido tinha sido feito por meio de um telefone público de um posto de gasolina próximo.

A calma de Brian Wells ao entrar no banco, captado por câmeras de segurança, não parecia ser a imagem de alguém que aparentava estar sendo forçado a assaltar um banco, o que, junto com a espingarda em forma de bengala, levou investigadores a crer que Brian, de alguma forma, havia participado do plano. Mas porque o roubo se assemelhava a um jogo?, se perguntava os policiais. O que passou a intrigar ainda mais o crime.

O FBI descobriu que próximo a estação de rádio abandonada, havia marcas de pegadas de várias pessoas, que insinuavam que houve princípio de luta e que alguém tentou fugir.

Duas Outras Mortes


Jim Roden
Três dias depois do assalto ao banco, Robert Thomas Pinetti, também entregador de pizza, e colega de trabalho de Brian Wells, é encontrado misteriosamente morto por overdose de drogas.

Robert Thomas Pinetti, durante seu depoimento à polícia, exigiu proteção, e se encontrava muito nervoso. E as mortes não pararam:

Três semanas após o assalto, um certo Bill Rothstein liga para a polícia de Erie e diz que em sua casa há um corpo no freezer. Ele também afirma que a responsável pelo assassinato é Marjorie Diehl-Armstrong, que se encontra na casa. O morto é Jim Roden, um namorado ou ex-namorado dela.

Bill Rothstein também relatou à polícia que ele apenas ajudou Marjorie a se livrar do corpo tirando-o da casa desta e levando-o para a sua, pondo-o no freezer enquanto planejava uma forma melhor de se livrar dele.

Em uma cidade pequena, três mortes em menos de três semanas, a polícia de Erie desconfia de uma possível ligação da morte de Jim Roden ao bizarro assalto de banco.

Ao chegarem ao local indicado, policiais encontram uma casa abarrotada de entulhos, dando a entender tratar-se de local que comporta um acumulador compulsivo. O corpo realmente se encontrava no freezer envolto em plástico e em posição semi fetal.

O Caso do Corpo Congelado


Bill Rothstein
Em janeiro de 2004 (5 meses após o corpo congelado ter sido encontrado), apesar de Marjorie Diehl-Armstrong afirmar que Bill Rothstein era o verdadeiro assassino de Jim Roden, e que ele e Floyd Stockton, com quem dividia sua casa, e que havia fugido um dia após o trágico assalto ao banco, eram as mentes por trás do assalto ao banco e da morte de Brian Wells, após passarem pelo teste do polígrafo, que afirmava que ambos não teriam tido nenhum envolvimento com o assalto, e por cooperarem com a polícia, não foram presos, embora Floyd Stockton estivesse fugido de outro estado americano pelo estupro de uma menor. Bill Rothstein apenas foi condenado pelo crime de ocultação de cadáver. Marjorie Diehl-Armstrong foi condenada por assassinato. Marjorie alegou insanidade, e seus advogados conseguiram com que ela saísse em condicional em apenas 7 anos de pena.

Bill Rothstein morreria em 30 de julho de 2004, acometido por câncer.

Marjorie Diehl-Armstrong


Marjorie Diehl-Armstrong
Marjorie era uma mistura de genialidade, ostentando seus cinco diplomas, com visível distúrbio mental, e uma vida amorosa que havia acumulado trágicos e estranhos acidentes de seus companheiros de relacionamentos.

A única vez que se casou, o marido, Richard Armstrong, morreu ao cair e bater a cabeça em uma mesa de centro. Processou o hospital por negligência, e recebeu 175 mil dólares. E antes do marido ser enterrado, pediu um pedaço do osso de sua perna como possibilidade de cloná-lo no futuro.

Incrivelmente, cinco homens que participaram de sua vida amorosa morreram de forma estranha e violenta. Um se enforcou após ela ter saído da casa dele.

E em 1984, Marjorie descarregou uma arma em seu namorado Thomas, matando-o enquanto dormia no sofá. Em seu julgamento foi absorvida por alegar que matou para se defender das surras que levava do namorado. Mais tarde, Marjorie não esconderia seu entusiasmo ao relatar ao amigo de pescaria Kem Barnes sua esperteza de ter enganado todo mundo.

Durante a prisão, após ter confessado ter matado Jim Roden, Marjorie também se orgulharia de sua esperteza às colegas de cela, como mais tarde declararia kelly Makela, uma das colegas de cela de Marjorie, para a polícia de que certa vez ela declarou que Bill Rothstein construiu a bomba que havia matado Brian Welles, e que ela havia matado Jim Roden, com um tiro na cabeça, devido este ameaçar abrir o bico para a polícia.

Contudo, perante a imprensa e a polícia, Marjorie continuava a confessar não ter tido nenhuma participação no caso do assalto ao banco, que passou a ser curiosamente chamado de Caso Pizza Bomber.

Ken Barnes Abre o Bico


Ken Barnes
Nos meses que se seguiram ao assalto do banco e da morte de Brian Wells, um preso, chamado Ken Barnes, preso por estupro e tráfico de drogas e amigo de pescaria de Marjorie Diehl-Armstrong, sob um acordo com a polícia, decide contar tudo que sabe sobre o mais bizarro assalto de banco de todos os tempos.
Ken Barnes afirmou que ele, Marjorie, Bill Rothstein, Floyd Stockton (que dividia a casa com Bill Rothstein), Bob Pinetti, que trabalhava com Brian Wells, e, surpreendentemente, o próprio Brian Wells, haviam planejado o assalto ao banco, e que Bill Rothstein havia construído a bomba e a espingarda em forma de bengala, e todos tinham se encontrado um dia antes na estação de rádio abandonada para acertar o plano. Ken Barnes também afirmou que a maioria achavam que a bomba era de mentira, e que Brian Wells havia desistido na hora, mas que foi forçado a continuar com o plano.

Jessica Hoopsick e a Verdade sobre o Caso Pizza Bomber


Jessica Hoopsick
Jessica Hoopsick era uma das prostitutas com quem Brian Wells solicitava seus serviços, e que com tempo, haviam se tornado amigos.

Quando ela foi presa por porte de droga e detida na mesma prisão onde se encontrava Marjorie Diehl-Armstrong, as constantes brigas e enfrentamento entre ambas quando se encontravam, chamou atenção de Trey Borzillieri, produtor do documentário Gênio Diabólico, que pesquisava o Caso do Pizza Bomber, e há dez anos se comunicava com Marjorie Diehl-Armstrong, o que o levou a procurá-la após o cumprimento de sua pena e descobrir o que motivava as brigas.

Jessica Hoopsick, motivada por profundo remorso, se dispôs a contar toda a verdade, já que participara do bizarro plano, afirmando inicialmente que Brian Wells era inocente, que ele não sabia de nada.

Jessica afirmou que o grupo composto por Marjorie, Bill Rothstein, F. Stockton e ken Barnes, precisava de alguém que acreditasse que uma bomba falsa posta em seu pescoço fosse verdadeira para ser levado a roubar um banco, e que não denunciasse a polícia. Ao se encontrar com Ken Barnes, certa vez, para comprar drogas, ficou sabendo do plano, e visando ser recompensada com drogas e dinheiro, ela apontou Brian Wells como a pessoa perfeita, já que, segundo ela, era um verdadeiro banana.

Jessica o levou na semana seguinte para que eles o conhecessem sem que Brian Wells soubesse de nada; informou também detalhes sobre Brian, sua profissão e horário de trabalho. No dia seguinte, Marjorie deu a ela 1500 dólares. Ela afirmou também que Brian Wells não havia ido ao encontro acontecido no dia anterior ao assalto, visto que ficou com ele o tempo todo.

Tendo o homem certo, Marjorie e Bill Rothstein, ligaram  de um telefone público de um posto de gasolina (como foi confirmado por testemunhas mais tarde) para a Pizzaria Mama Mia’s onde trabalhava Brian Wells, pedindo que pizzas fossem levadas até a estação de rádio abandonada. Chegando lá, Marjorie, Bill Rothstein e o resto do grupo o esperava. Brian Wells teve o colar de bombas posto contra sua vontade em seu pescoço, e advertido que precisava roubar o banco e seguir instruções para achar as chaves que o libertaria do colar.
  
Considerações Finais Sobre o Caso



O documentário Gênio Diabólico, não deixa claro se a morte do colega de trabalho de Brian Wells, Robert Thomas Pinetti, tenha alguma coisa haver com o assalto ao banco da cidade de Erie, aparentando ter sido apenas mais uma morte acidental por overdose de drogas. E a pergunta que fica é: Por que Kem Barnes o incluiu ao caso?
  
Por outro lado, Brian Wells foi incluído como participante como forma de fazer com que, sendo ele considerado como um membro do grupo que planejou  o assalto, sua morte não seria motivo para condenar os envolvidos à pena de morte.

Evidências encontradas, como uma carta escrita de forma raivosa, por Marjorie Diehl-Armstrong indignada pelo fato do gerente do mesmo banco assaltado, PNC, ter permitido que seu pai esvaziasse um cofre de herança de família, que Marjorie tinha direito, acrescentando o fato de que ela também precisava de dinheiro para assassinar o pai que doava sua herança, tenha sido os verdadeiros motivos que a levaram, com a ajuda do conhecimento sobre construção de bombas de Bill Rothstein, então seu ex-amante, e extremamente influenciado por ela, como garante testemunhas, a planejar o diabólico plano.

Quanto a família de Brian Wells. Desde o início das investigações policiais, Brian Wells fora apontado como um dos participantes do assalto ao banco de Erie. A família deste não apenas defendeu sua honra desde o início, como mostrou o quanto  ele era um bom amigo, um bom vizinho, um bom caráter, contra a suspeita da polícia e o péssimo tratamento oferecido pelos policiais de Erie ao mesmo, que o manteve sob a mira de armas mesmo estando algemado e não oferecendo nenhum risco, e ainda preferiam preservar o dispositivo explosivo a integridade de seu corpo, decapitando-o para não danificar ainda mais o dispositivo, tirando o direito de amigos e familiares de verem seu corpo pela última vez, fato não possibilitado pela decapitação. Até hoje, a polícia de Erie e o FBI ainda o mantém como participante do grupo, suspeitas mantidas principalmente por sua tranquilidade durante o assalto, em que ele, durante a saída do banco, até brincou com a arma em forma de bengala imitando os trejeitos do famoso personagem de Charlie Chaplin.

Testemunhas também relataram que Brian Wells era um grande fã dos jogos de Caça ao Tesouro promovido pelos jornais locais. Fato que, sem dúvida, deve ter motivado, por pura maldade, seus algozes a transformar o assalto em uma espécie de Caça ao Tesouro. Mais tarde foi descoberto que, mesmo que ele tivesse continuado a colher as instruções sobre a localização das chaves que o levariam a se livrar do colar de bombas, não daria tempo, a bomba explodiria bem antes disso. Ou seja, tendo participado ou não do assalto, Brian Wells não sairia vivo do mesmo.

Logo após a morte de Brian Wells, Jessica Hoopsick deu a luz a uma criança. Ela suspeita que Brian Wells seja o pai.

Marjorie Diehl-Armstrong morreu de câncer em 4 de abril de 2017. Seu corpo foi enterrado em um túmulo sem lápide.

FONTE: Gênio Diabólico (Documentário/Netflix).

Nenhum comentário:

Postar um comentário